9 de jan. de 2014

Cuidado com teus “aminimigos”! Por Pedro Mandelli

Cuidado com teus “aminimigos”! Por Pedro Mandelli

Aminimigos, sim… Eles podem parecer teus amigos enquanto trabalham e estar funcionando como âncoras, ou seja, te mantendo não intencionalmente – espero – sempre no mesmo lugar. É óbvio que não estou falando de todos que te cercam, mas há alguns que merecem destaque especial. Após observá-los durante vários anos de minha vida, resolvi registrar as principais características do que denomino “ator organizacional”. Eles estão enfronhados em todo lugar, muito embora vá dar foco apenas ao ambiente de trabalho:
1)    São aqueles que estão uniformizados, mas não entram no jogo, caminham pela organização falando que “sim”, mas fazendo “não”. Não têm a coragem de se insurgir abertamente contra os movimentos desenvolvimentistas, mas espalham o negativo e o “não vale a pena” pelos corredores. Normalmente são meio parados no tempo e saudosistas, sempre têm interesse pessoal acima dos interesses coletivos e não percebem, mas todo mundo já sabe quem são eles.
2)    Normalmente eles têm total aversão a conflitos e não discutem para não serem expostos. Preferem andar nos túneis submersos dos engolidores de sapos a colocar suas opiniões para serem julgadas pelos outros. São cobras venenosas nos labirintos emocionais de qualquer organização. Quando colocam suas opiniões, não são contributivos e querem fazer com que elas sejam obedecidas. Caso sejam contestadas, emudecem e voltam aos labirintos.
3)    Apresentam total falta de comprometimento, muito embora não se deixem aparecer desta forma. Sempre estão à sombra de um procedimento que precisa ser ajustado, de um processo que precisa ser revisto, de uma contratação que ainda não aconteceu, ou seja: não é nunca problema dele ou com ele e sempre a organização é que deveria estar vendo isso. Ele não é parte ativa da organização e sim parte passiva.
4)    É um covarde organizacional, fazedor de média, não diz o que pensa, mas pensa e fala onde não deve, desconsidera as pessoas e trata-as como “coisas” a serem suportadas enquanto passa o dia. O dia é sempre longo para ele e, quando sai da portaria da empresa, respira fundo e bem lentamente fala para seu “eu interior”: aqui fora tem ar!
5)    Finalmente, é sempre conformista, a situação em que vive é sempre melhor do que ir para outro espaço emocional, arriscar, ousar, comprometer-se com as novidades ou caminhos de construir algo melhor. Afinal, a empresa é assim, eu sou assim e isso sempre vai ser assim: ele é doente, sofre síndrome de Gabriela.
Minha opinião é: “livra-te deles”, caso contrário ficarás com o mesmo jeitão e principalmente com a mesma marca na organização. As únicas pessoas que não percebem que são assim são elas próprias, pois todos percebem e fingem que não os veem. Não te iludas, alguns deles podem ser até promovidos. Aceite o mundo imperfeito, mas não faça parte dele: este é o teu segredo, junta-te aos bons, empreendedores, corajosos, persistentes; e serás um deles.
Pedro Mandelli é consultor na área de mudança organizacional, sócio-diretor da Mandelli Consultores Associados, é professor da Fundação Dom Cabral e autor do livro: Muito além hierarquia.